Páginas

RADIO 22 DIGITAL

Seguidores

Total de visualizações de página

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

feliz natal radio22digital

Boas Festas

 O presentinho do meu-amigo oculto...

Hoje cedo, sem nada mais interessante pra fazer, me joguei no sofá da sala e me apoderei do controle remoto, antes que alguém tivesse a mesma ideia.  Zapeia daqui, zapeia dali, eis que caio num desses programas matutinos do tipo "culinária, moda e alguma fofoca das celebridades".  Já ia continuando a minha saga por algo que prestasse na TV, quando percebi que no tal programa, os apresentadores realizavam um amigo-oculto.

Tá.  Amigo-oculto é aqui no Rio.  Em São Paulo e em outras partes do país (me corrijam se estiver errado), o povo conhece como amigo-secreto.  Brincadeirinha comum nas festas de fim de ano.  Quem nunca embarcou numa dessas que atire a primeira pedra!  Você tira aquele papelzinho e tem que presentear a pessoa sorteada.  Pior é quando não se tem uma daquelas listinhas com os provavéis presentes que a pessoa gostaria de ganhar e você tem que queimar a mufa, tentando descobrir algo que combine com o tal.  Mas o pior ainda está por vir!  No dia D, todos reunidos, começa a tão esperada troca de presentes.  Alguém começa, vai ao centro da roda, e desfia uma série de pistas (que nem sempre correspondem à realidade) sobre o dito cujo:  "A minha amiga-oculta é uma pessoa maravilhooooosa!  Está sempre de bom humor, é divertida e muito bacana.  E está vestindo um vestido verde lindoooooo!"  Aí, se iniciam as especulações.  Fulano, Beltrano,Sicrano.  Gritinhos efusivos, assobios, abraços, "É marmelada" daqui, "É marmelada" dali.

Não foi diferente no tal programa.  Até que percebi que duas pessoas se tiraram ( e é geralmente aqui que entra o "É marmelada").  Mas não tem quando você ganha o presente e não fica muito satisfeito?  Abre o papel da embalagem e, aos poucos, aquele entusiasmo vai desaparecendo, pra, no fim, dar lugar a um sorriso amarelo?  Pois é.  Já aconteceu com todo mundo.

As pessoas falam muito de Natal. Todo ano é a mesma ladainha.  Corre, corre atrás de presentes, filas homéricas nos shoppings, a falta de disposição de ir ceiar na casa da  avó e aturar aquele tio mala... O amigo-oculto chato e os presentinhos que nem sempre gostamos...  Talvez a festa tenha mesmo se transformado mais num evento comercial, como a maioria diz.  Não é assim com o dia das Mães, dos Pais, dos Namorados?!  Desconfio seriamente que o Natal seja o pai de todas essas outras festas, forçando o cara a gastar seu suado 13º e começar o ano na pindaíba...

Mas existe também o outro lado.  Não sei se quem me lê é religioso.  Se é agnóstico.  Que seja ateu, vá lá!  A mensagem que o 25 de dezembro nos traz é, acima de tudo, uma mensagem de esperança e fé.  Fé, nem que seja, em dias melhores.  E é isso que eu desejo a todos vocês que caíram de para-quedas aqui.  Um Feliz Natal e dias infinitamente melhores.  Porque todos nós merecemos.

........................................

Um grande amigo blogueiro comentou que não aguenta mais "aquelas musiquinhas chatas, principalmente 'Natal das crianças' tirada no cavaquinho" durante as compras.  Concordo.

A minha música preferida de Natal é "Boas Festas" (no cavaquinho fica linda!  Hehehe...).  Pra quem não recorda, a canção é essa aqui embaixo:

"Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel
Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem!
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem!"

A música é de uma melancolia de  quebrar o coração.  Não é de se estranhar.  Assis Valente é dono de umas das biografias mais tristes do nosso cancioneiro.  Quando criança foi roubado dos pais.  Já adulto, por conta de dívidas, tentou o suicídio por diversas vezes.  Numa delas, tentou se jogar do Corcovado, mas teve seu plano frustrado por uma árvore que amorteceu-lhe a queda. Também por dívidas, teve uma das produções mais profícuas de nossa música, chegando a compôr uma canção por dia (entre elas, o segundo Hino Nacional, "Aquarela do Brasil")!  Morreu em 58, depois de ir ao escritório de direitos autorais, atrás de algum trocado.  Senta num banco de praça, toma formicida e deixa um bilhete para a polícia e para o amigo Ary Barroso, que lhe pagasse o aluguel em atraso.  Até na hora final, foi poeta:  "Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo."

Reza a lenda que "Boas Festas" foi composta num carnaval que Assis passou sozinho e infeliz, em Niterói.  Na cabeceira de sua cama havia a foto de uma menina tristonha; os sapatinhos na janela à espera do Bom Velhinho.  Foi sua inspiração para compôr a mais bela, triste e anti-natalina canção de Natal de todos os tempos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário